Há dois anos sem receber reajuste salarial, os professores
do Amazonas, representados pelo Sindicato dos Trabalhadores em Educação do
Amazonas (Sinteam), decidiram entrar em greve. A medida foi tomada em uma
assembleia geral que contou com a participação de mais de 2 mil pessoas. A
presidente do Sinteam, Ana Cristina Rodrigues, explicou que a greve é o último
recurso que os professores podem utilizar depois de tentativas exaustivas de
diálogo e negociação com o governo do estado.
A decisão unânime pela paralisação foi tomada em uma
assembleia realizada na Praça da Saudade. Após a reunião, os trabalhadores da
rede pública de ensino realizaram uma caminhada pelas ruas do centro de Manaus,
expressando sua insatisfação e reivindicando seus direitos.
Os professores exigem um reajuste salarial de 25% referente
às datas-bases de 2022 e 2023. Além disso, pedem o cumprimento das progressões
por titularidade e tempo de serviço, bem como um plano de saúde para os
aposentados da categoria.
Segundo a Lei nº 7.783, de 28 de junho de 1989, após a
aprovação da greve, o próximo passo é comunicar o empregador - neste caso, o
Governo do Estado - e a comunidade escolar sobre a paralisação. A instalação da
greve deve ocorrer somente após 72 horas de comunicação ao empregador.
Portanto, a greve será oficialmente instalada em frente à Assembleia
Legislativa do Estado no dia 17 de maio, às 9h, conforme explicou Ana Cristina
Rodrigues. Durante o período de espera, os professores planejam visitar as
escolas para conscientizar mais trabalhadores, pais e estudantes sobre o
movimento grevista e suas reivindicações. A categoria espera que a greve
provoque um impacto significativo que leve à necessária negociação com o
Governo do Estado.
A greve ocorre em um contexto preocupante para a educação no
Amazonas. Muitos profissionais da educação e pais de alunos têm expressado
preocupação com a deterioração da qualidade da educação em muitas escolas
públicas do estado. A falta de investimentos, somada à falta de reajuste
salarial, tem impactado diretamente a qualidade do ensino oferecido aos
estudantes.
Os professores, sobrecarregados e desmotivados, estão tendo
que lidar com uma carga de trabalho excessiva, muitas vezes sendo obrigados a
lecionar em várias turmas, atender a demandas administrativas e ainda se
dedicar a horas de preparação de aulas e correção de trabalhos fora do horário
escolar. Tudo isso em detrimento de salários que não são compatíveis com o
volume e a importância do trabalho que realizam.
O Sinteam acredita que a falta de valorização dos
professores tem um impacto direto na qualidade da educação. Ana Cristina
Rodrigues, presidente do sindicato, afirmou: 'Não é possível manter um ensino
de qualidade sem valorizar seus principais atores: os professores. Nós somos os
responsáveis por formar as próximas gerações, e isso requer recursos, tempo e,
principalmente, reconhecimento.'
Os professores reforçam que a greve não é apenas uma questão
de salários e benefícios, mas também uma luta pela qualidade da educação. Eles
afirmam que a falta de investimentos na educação e a consequente degradação das
condições de trabalho têm um impacto direto nos estudantes. Portanto, a greve
também é uma tentativa de chamar a atenção do público e do governo para a
necessidade urgente de melhorias na educação pública do Amazonas.
Diante desse cenário, os professores em greve e o Sinteam estão buscando o apoio da comunidade escolar e da população em geral, na esperança de que, juntos, possam pressionar o governo a atender às suas reivindicações e investir mais na educação do estado.