A Verdade Sobre a Greve dos Professores do Amazonas

 


A Constituição Brasileira consagra o direito à greve para a maioria das categorias trabalhadoras no país. O professor, como qualquer trabalhador, recorre à greve apenas quando todas as alternativas de diálogo com os governantes se esgotam. Este é o cerne da greve dos professores do Amazonas que se arrasta em 2023.

Ao longo de 2022, os professores tentaram negociar com o governo amazonense, e, este ano, prometeu discutir suas demandas apenas se retornassem às salas de aula. Entretanto, após longos meses de tentativas frustradas, sem qualquer aumento salarial ou reposição da inflação, a greve tornou-se a única alternativa viável. Consequentemente, a alegação governamental de que os professores não desejam negociar é destituída de realidade concreta.

O sindicato dos professores, ao longo dos anos, manteve a sua capacidade de mobilização, no entanto, as conquistas têm se mostrado cada vez mais distantes das reais necessidades da categoria. Por mais que busquem apoio na classe legislativa, é evidente que seus representantes têm se tornado cada vez mais escassos. Deputados eleitos sob a bandeira da educação, muitas vezes, aderem aos argumentos governamentais, justificando a falta de recursos para atender às demandas dos professores e que já existe um grande investimento no setor.

Apesar dos governantes declararem investimentos significativos na educação e salários adequados, a realidade salarial dos professores é de grande defasagem em relação aos índices de inflação e à comparação com outros profissionais com ensino superior completo.

Para superar a negativa dos governantes em conceder aumentos salariais, seria necessário uma verdadeira transparência fiscal. O ideal seria um portal transparente, com informações claras e acessíveis a todos os cidadãos, detalhando os valores arrecadados e investidos. Nesse sentido, deputados comprometidos com a educação deveriam empregar seus assessores para fiscalizar profundamente tais contas, um dever infelizmente não cumprido.

O poder judiciário, outra fonte de esperança para os professores, frequentemente atende às solicitações dos governantes, tornando-se mais um obstáculo do que um aliado. Os sindicatos, por sua vez, parecem ter se isolado em seus mundos políticos, lembrando-se dos professores apenas em momentos de greve ou negociações.

O sindicato precisa investir na mobilização dos professores, não apenas em momentos de crise, mas em uma base contínua. Isso pode ser feito por meio de um fórum para discutir a melhoria da educação a partir de uma perspectiva popular progressista, apoiando lideranças que possam representar a classe no ambiente legislativo.

Os sindicatos poderiam até abrir mão do desconto em folha dos novos sindicalizados, visando atrair o maior número de professores possível, e aos poucos mostrar a necessidade de contribuição para fortalecer o movimento.

No atual caminho, pode ser que nos próximos anos os professores se conformem com um salário mínimo sem aumento real ou inflacionário, situação que o governo do Amazonas já adotou no último ano. Na Assembleia Legislativa, muitos discursos defendem a educação e a política governamental para o setor, mas a prática não corresponde às palavras. Raramente encontramos um deputado com um filho ou filha matriculado em uma escola pública de periferia, pois, como todos os pais, buscam o melhor para seus filhos, geralmente matriculados em escolas particulares.

Ainda assim, no horizonte, há espaço para a esperança. Embora as dificuldades sejam grandes, a dedicação e a paixão dos professores pelo ensino são forças poderosas e impulsionadoras. A luta pela valorização do professor e por uma educação de qualidade é árdua, mas não é uma luta solitária. A sociedade se faz presente, na voz dos pais que reconhecem a importância de um professor bem remunerado e valorizado para a educação de seus filhos, na voz dos estudantes que sabem que seu futuro depende de uma educação robusta e equitativa.

Portanto, a greve dos professores do Amazonas é um clamor por dignidade e reconhecimento. É a manifestação de uma classe que se recusa a permanecer em silêncio diante da injustiça e do descaso. E é nesta luta, nessa determinação, que reside a esperança. A esperança de que um dia, o papel vital que os professores desempenham em nossa sociedade será plenamente reconhecido e recompensado de acordo.

Os desafios são enormes, mas a vontade de lutar e conquistar é ainda maior. Que a greve dos professores do Amazonas sirva como um alerta para os governantes de todo o país: a educação não é um gasto, é um investimento. E os professores não são um custo, são a mola propulsora do desenvolvimento de uma nação.

Wadson Benfica

Olá! Sou Wadson Benfica, professor e produtor de conteúdo para a web voltados para área educacional.

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