Vivemos em uma era de infinitas possibilidades. A sociedade moderna nos seduz com a promessa de que podemos ser qualquer coisa: empreendedores, influenciadores digitais, modelos ou estrelas nas redes sociais.
A narrativa
dominante é simples: se você trabalhar duro o suficiente, o sucesso estará ao
seu alcance. No entanto, por trás desse discurso motivacional existe um lado
sombrio que muitas vezes é ignorado.
O filósofo
sul-coreano Byung-Chul Han, em seu livro A Sociedade do Cansaço, alerta
para os custos dessa incessante busca por conquistas. Segundo Han, o atual
modelo capitalista nos conduz ao esgotamento coletivo, ao narcisismo exagerado
e à hiperatenção.
O que parece
ser uma era de liberdade ilimitada esconde, na verdade, uma armadilha que nos
aprisiona em um ciclo de performance sem fim. Mas como chegamos a esse ponto?
A Sociedade de Desempenho
No passado, as pessoas eram controladas por figuras de autoridade externas — a igreja, o trabalho, a escola — que impunham normas e punições. Havia regras claras que guiavam a vida de cada indivíduo.No entanto,
na sociedade atual, essa figura autoritária deu lugar a uma nova força de
controle: a autossuperação. Hoje, somos motivados pela ideia de que devemos
sempre ser melhores do que antes, não para obedecer a alguém, mas para nos
tornarmos a melhor versão de nós mesmos.
Essa
mudança, longe de nos libertar, nos aprisiona de forma ainda mais sutil. Agora,
não há mais limites claros ou regras externas. Podemos (ou deveríamos) ser
tudo. Isso cria o que Han chama de "campos de trabalho internos",
onde somos nossos próprios guardiões, exploradores e explorados ao mesmo tempo.
A pressão pela autossuperação não vem mais de fora, mas de dentro.
O Custo da Liberdade Ilimitada
Essa liberdade de ser o que quisermos tem um preço elevado. A sociedade nos transforma em "empreendedores de nós mesmos", responsáveis por cada detalhe de nossas trajetórias. Se falharmos, a culpa é inteiramente nossa.
Nos tornamos
nossos próprios chefes, mas também nossos próprios algozes.
Essa nova
dinâmica é alimentada pela ideia de que, se ainda não alcançamos o sucesso, é
porque não nos esforçamos o suficiente. Essa pressão constante para estar
sempre em movimento, sempre perseguindo a próxima meta, nos leva ao colapso.
A exaustão e
o burnout são consequências diretas de uma sociedade que valoriza a
produtividade incessante e vê o descanso como uma fraqueza.
A Era da Hiperatenção e Superficialidade
A tecnologia digital desempenha um papel crucial nesse cenário. Somos constantemente bombardeados por estímulos, notificações e informações, o que nos impede de focar profundamente em uma única tarefa.
A atenção
profunda, que nos permitia criar de forma significativa, foi substituída pela
hiperatenção — a capacidade de focar em várias coisas ao mesmo tempo, mas sem
se aprofundar em nenhuma delas.
Essa
superficialidade se estende também às nossas relações sociais. No ambiente
digital, somos incentivados a exibir versões idealizadas de nós mesmos,
reforçando um narcisismo que afasta as conexões profundas e significativas.
Nossos
amigos nas redes sociais se tornam meros espectadores de nossas conquistas e
performances, reforçando a ilusão de sucesso.
Como Escapar do Cansaço?
Em uma
sociedade que valoriza a ação incessante, talvez a maior rebeldia seja aprender
a descansar verdadeiramente.
Esse
descanso não se refere às pausas superficiais que fazemos ao rolar pelo feed
das redes sociais, mas a um descanso profundo, onde podemos nos desconectar das
exigências de produtividade e simplesmente existir sem a necessidade de provar
nada a ninguém — nem a nós mesmos.
Conclusão
A filosofia
de Byung-Chul Han nos oferece uma nova perspectiva sobre o esgotamento moderno.
Em um mundo que exige produtividade constante, talvez a solução esteja em
desacelerar e redescobrir o valor do ócio, da contemplação e do foco profundo.
Ao fazermos
isso, podemos nos reconectar com o que realmente importa e escapar da tirania
da realização incessante.
Se você se identifica com essa reflexão, que tal compartilhar essas ideias com seus amigos? Vamos juntos buscar um caminho mais saudável e equilibrado. Afinal, o verdadeiro sucesso pode estar em aprender a desacelerar.
Este texto foi baseado no vídeo:
Por Que Estamos Sempre Esgotados? A Filosofia de Byung-Chul Han
https://www.youtube.com/watch?v=IP_QNqc3uFU