O jogo da mentira: reflexão sobre o futuro de uma cidade

 


No próximo domingo, dia 27 de outubro, eleitores de algumas cidades brasileiras irão às urnas para decidir o futuro de suas cidades no segundo turno das eleições municipais. Este conto é uma reflexão sobre alguns candidatos que se apresentam como amigos do povo, mas cujas intenções podem não ser tão transparentes quanto aparentam.


A cidade estava dividida. De um lado, dois políticos de carreira disputavam o cargo de prefeito, ambos alegando estarem prontos para liderar e solucionar os problemas da cidade.

O primeiro, Ricardo Mendonça, tinha um histórico sólido, pautado por projetos e ações que ele constantemente usava como prova de sua capacidade.

O segundo, Paulo Andrade, embora igualmente experiente, construíra sua campanha sobre uma narrativa perigosa: a de ser o “salvador” da cidade, o único capaz de resolver as crises que, segundo ele, Ricardo tinha causado.

Paulo, no entanto, tinha uma arma secreta. Sua campanha era abastecida por uma máquina bem organizada de desinformação. Fake news inundavam as redes sociais, e as mentiras eram repetidas tantas vezes que se tornavam verdades na cabeça de muitos eleitores.

Ele tinha uma habilidade notável para transformar qualquer acusação em uma vantagem, desviando das perguntas difíceis e reformulando a narrativa a seu favor.

Nos debates, Ricardo insistia em trazer dados, propostas e uma visão realista para o futuro. Ele falava sobre educação, saúde, saneamento, sempre com os pés no chão.

Mas cada vez que ele confrontava Paulo com fatos e evidências, Paulo sorria, mudava de assunto e lançava uma nova mentira: “O que você não está contando, Ricardo, é como você deixou as escolas em ruínas!” Mesmo que as escolas estivessem, de fato, passando por reformas, a mentira plantada era o suficiente para desviar a atenção.

Paulo repetia as mesmas histórias distorcidas em entrevistas e comícios, sempre com um tom de confiança inabalável. "Eu sou o único que conhece os verdadeiros problemas da cidade e tenho a coragem de enfrentá-los!", dizia, enquanto seu público aplaudia.

E, quanto mais ele repetia suas falsas promessas, mais as pessoas começavam a acreditar. "Se ele diz isso tantas vezes, deve ser verdade", comentavam os moradores nas esquinas.

Ricardo, por outro lado, enfrentava a frustração de ver a verdade ser desmantelada diante de seus olhos. Quanto mais ele tentava expor as mentiras de Paulo, mais Paulo desviava, sempre usando a tática de mudar o foco. E a cidade, confusa, se perdia no meio de tanto ruído.

Nos dias que antecediam as eleições, os rumores se intensificaram. Paulo era visto como o "solucionador", o homem que finalmente traria ordem ao caos, enquanto Ricardo lutava para manter o pouco controle que restava sobre a narrativa real da campanha.

No entanto, a verdade e a mentira se confundiam a tal ponto que muitos eleitores já não sabiam em quem acreditar.

Então, chegou o domingo. Os eleitores saíram de casa, caminharam até as urnas com suas dúvidas, suas esperanças e, acima de tudo, suas escolhas.

Alguns ainda discutiam nas filas sobre quem seria o melhor para a cidade. Outros, silenciosos, refletiam sobre tudo o que ouviram durante a campanha.

Ao final daquele dia, o destino da cidade seria selado. No entanto, uma questão pairava no ar: que cidade eles realmente queriam construir?

A resposta, como sempre, estava nas mãos de cada eleitor. Afinal, mais do que escolher entre candidatos, o voto daquele dia representaria a escolha entre a verdade e a mentira, entre a responsabilidade e a manipulação. O futuro da cidade dependia disso.


E assim, enquanto o último eleitor confirmava seu voto, a pergunta final ecoava: que final queremos para a nossa cidade?

Este conto, infelizmente, ainda poderá valer para muitas cidades brasileiras.

Wadson Benfica

Olá! Sou Wadson Benfica, professor e produtor de conteúdo para a web voltados para área educacional.

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